O barítono alemão Dietrich Fischer-Dieskau foi um mestre da canção, em especial da lied alemã. Dono de uma voz elegante e habilidoso em contar histórias, ele também foi um notável cantor de ópera, celebrado pela inteligência ágil em papéis de obras de Mozart, Strauss e Wagner. Fischer-Dieskau nasceu em 1925, em Berlim, e, aos 17 anos, cantou pela primeira vez o Winterreise, angustiante ciclo de canções de Schubert sobre uma viagem durante o inverno. A apresentação, realizada durante a Segunda Guerra em um subúrbio da capital, foi interrompida por bombardeios dos aviões britânicos. Experiências como essa conferiram pungência à sua interpretação do repertório das lieder, que ele gravou com meticulosidade enciclopédica. Quase todas as canções de Schubert, Schumann, Brahms, Strauss, Wolf e Mendelssohn foram gravadas por ele pelo menos uma vez – no caso do Winterreise, oito vezes. A extensa discografia de Fischer-Dieskau também inclui papéis em óperas como As Bodas de Fígaro, Don Giovanni e a lendária gravação de Tristão e Isolda, sob regência de Furtwängler, em 1952. O cantor também fez parcerias com compositores contemporâneos, como o inglês Britten, que escreveu para ele os solos de barítono de War Requiem (1962), um gesto significativo, dado o passado de Fischer-Dieskau. Ele se aposentou dos palcos no primeiro dia de 1993 e morreu em 2012, aos 86 anos.