CANÇÕES EM CHAMAS

CANÇÕES EM CHAMAS

Dez anos após Despertador (2014), Leo Cavalcanti apresenta o seu terceiro álbum, CANÇÕES EM CHAMAS, com forte carga erótica e política. “Este álbum marca o meu recomeço. É o meu primeiro filho musical baiano. Foi feito durante seis anos de uma maneira muito solitária. Eu quis falar sobre a intensidade do que eu estava vivendo, mas também do que estava acontecendo com o mundo. Por isso eu trouxe a temática do fogo e suas diversas atribuições simbólicas”, diz o artista paulistano radicado em Salvador. Realizado com financiamento coletivo, CANÇÕES EM CHAMAS registra pela primeira vez uma parceria do artista com o pai, o compositor Péricles Cavalcanti, que já trabalhou com Gilberto Gil e Gal Costa. O álbum também conta com a participação de Caetano Veloso, Josyara e Hiran. Cavalcanti assina boa parte da produção, o que deu um frescor mais pop e terreno ao projeto. “A sonoridade está conectada às cores da música brasileira contemporânea. A base estrutural é a batida do meu violão e os beats eletrônicos são as minhas entranhas. Tem muita dor e muito amor,” afirma o artista ao Apple Music. A seguir, Cavalcanti fala sobre as inspirações e as referências das músicas de CANÇÕES EM CHAMAS. INTRO: EM CHAMAS “É uma evocação para reacender o meu desejo de fazer música, que é o tema central do álbum. O arranjo de cordas traz uma referência cinematográfica que expressa intensidade e apresenta a ideia de beira do abismo e da necessidade de transformação. É o que a letra diz: ‘As canções estão em chamas/ dentro de mim/ junto com o mundo/ e essas chamas/ eu vou deixar queimar’.” DEIXA QUEIMAR  “É a faixa-estandarte, porque desenvolve o conceito que a introdução propõe. ‘O mundo inteiro balança/ minh’alma dança pra ver ladeira/ nas canções em chamas/ tudo incendeia/ e deixa queimar.’ É uma evocação para deixar queimar a chama da nossa potência, para sermos quem somos diante de um mundo caótico e em crise. Musicalmente a faixa tem uma percussão marcante, que é algo importante no álbum. Ela é épica e sensual, dançante e existencialista.” NOITE QUENTE “A faixa representa a minha vinda a Salvador e mostra o quanto a cidade me moveu e comoveu de forma mágica e inspiradora. Eu compus andando na rua, então é um recorte da minha vivência na cidade. Apesar de ser paulistano, eu fui formado pela música baiana. Ouvi muito Dorival Caymmi, Carlinhos Brown e Timbalada. A sonoridade é bem particular, tem um pouco de samba reggae e reggaeton e um sabor de música baiana dos anos 90.” JOGUE DURO      “É a faixa mais autobiográfica do álbum. Ela trata de alguém que se perdeu totalmente, mas de alguma forma se propõe a se levantar mais uma vez. ‘Jogue duro’ é uma expressão que eu aprendi com os meus amigos baianos. Tem a ver com quebrar tudo, ir com tudo, arrasar. Fiquei com vontade de escrever uma música sobre isso porque tem a ver com a minha jornada de recomeço. No fundo, este álbum trata desse impulso de reacender a chama da música em mim.” AMOR NO FRONT           “A música é uma tomada de poder, um grito de guerra antifascista. Expressa a minha sexualidade como homem gay de uma forma que eu nunca tinha feito antes. É um desejo de afrontar e de dizer ao mundo que não tem recuo, nenhum passo para trás. Aponta o dedo para o que eu chamo de fascista, mas que no fundo é um combo: fascista, homofóbico e racista. A faixa tem participação do Hiran, um rapper queer talentosíssimo. Ele arrasou aqui como intérprete e compositor. E a sonoridade ficou uma mistura de Michael Jackson, ROSALÍA e Lil Nas X.” TUDO DE TU “É uma bossa nova homoerótica e universal e também expressa a minha sexualidade de forma única. A música fala sobre um encontro e uma transa, só que com o meu jeito de ver a sexualidade, safado e profundo. É comovente e faz chorar. A referência foi o álbum Amoroso [1977], de João Gilberto. Os arranjos de cordas são de Felipe Pacheco Ventura, para quem pedi que buscasse a grandeza espiritual da era de ouro da bossa nova.”           NÓS NUS  “Disserta sobre ‘o estar nu’, mas não só o a nudez física. Trata-se de se despir de defesas, máscaras e artifícios. E Caetano Veloso tem tudo a ver com isso, é um presente ter a participação de um dos maiores artistas do mundo nesta música. Foi uma ousadia chamá-lo e, até hoje, não acredito que aconteceu. Ele compôs ‘Nu com a Minha Música’ [do álbum Outras Palavras, de 1981], que tem uma temática similar. É também um encontro geracional. Ver o Caetano Veloso, com 81 anos, cantar sobre sexualidade e tesão é muito bonito. A musicalidade é tropical, com lambada e afrobeat.” BEIJO À BEIRA-MAR “É uma música totalmente solar. Acho que um dos elementos mais importantes da minha vivência na Bahia é a relação profunda com o mar. É o corpo solto que só o mar e o sol podem proporcionar. Ela fala sobre uma transa na praia, sob a luz do luar – é mais uma fantasia erótica e tropical. E é pop, romântica e gostosinha.” VINHETA: PRESTES A EXPLODIR        “Esta faixa entra depois de uma sequência de músicas eróticas e amorosas. É como se fosse uma retomada da ideia de que o mundo está explodindo. É a lembrança do caos. A frase ‘Não tem ninguém pra te mostrar como dançar no abismo’ expressa a ideia de que não tem receita, só você pode encontrar o seu jeito de existir de forma genuína e potente no mundo. Mas a música também traz uma pouco de delicadeza ao olhar pra isso.” ABRAÇA A BRASA, BRASIL “A música foi composta na época em que o presidente do Brasil era o Bolsonaro, após as eleições de 2018. Passamos por uma pandemia e por uma crise total e absoluta. Ela fala sobre a potência que o Brasil poderia ser. Começa assim: ‘Olha/ o mundo inteiro assiste à gente/ um laboratório do apocalipse iminente/ mas podia ser diferente’. E conta com a participação potente da Josyara, outra amiga e presente que a Bahia me deu. Ela é a maior violonista do Brasil contemporâneo e também canta demais.”            MAIS UM DIA (COM VOCÊ)       “Esta faixa foi composta para o meu ex-marido e fala sobre o amor no cotidiano, sem idealizações. Aquele amor que, apesar de todas as dores, vale a pena. É como diz a letra: ‘Mais um dia/ que se precisasse eu reviveria/ as dores mais duras e as correrias/ tudo tem valia/ se for com você’. É a única música 'voz e violão' do álbum. É nua, crua e realista e se difere muito das outras faixas nesse sentido.” O QUE TE MOVE “Esta faixa se conecta com os meus trabalhos anteriores, mais relacionados ao existencialismo. E faz uma provocação: qual é a dança que você faz na vida? Ela também fala sobre ‘sentar’, um termo muito em voga na música brasileira atual, mas sob uma perspectiva diferente: ‘Quero ver você sentar/ e depois se levantar/ acendendo as estrelas com os pés no chão.’ É uma música bem transcendental, tem clima de pista e soa um pouco como um mantra.”            NOVOS FUTUROS          “Esta música foi composta por mim e pelo meu pai, também logo após as eleições de 2018. Foi muito especial, nos reunimos em uma tentativa de acolhimento diante de um período tão difícil do país. O refrão fala sobre isso: ‘Estamos tão sozinhos/ somos muitos nesses tempos duros/ só seguindo juntos para derrubar os muros’. Ela finaliza o álbum com a ideia de que a solução está no coletivo e na nossa união para desenhar um futuro desejável diante de perspectivas complicadas. É uma música dançante, pop e solar ­– e muito amorosa.”

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