Quando o vocalista Raí Soares começou com a banda Saia Rodada, o forró eletrônico ainda era desconhecido. O gênero se transformou ao longo de duas décadas, desde o surgimento do grupo, em 2001, até a explosão da popularidade do piseiro e da vaquejada nas paradas, graças à ascensão de artistas como Os Barões da Pisadinha, Zé Vaqueiro e do reinventado Raí Saia Rodada Forrozeiro raiz, Raí é um exemplo de resiliência. O cantor potiguar despontou no tradicional pé de serra, da dança curtinha de dois passos para lá e dois para cá e, ao longo de duas décadas, ele e a banda viveram os altos e baixos, entre mudanças de formação e oscilações na popularidade do gênero. Quando lançou os singles “Liga Pro Seu Ex” (com a banda Cavaleiros) e “Cabeça Voando” (com Xand Avião), o cantor já havia mudado o nome artístico para Raí Saia Rodada e, após assinar contrato com a gravadora Som Livre, passou a injetar sertanejo no forró para criar uma sofrência dançante. O álbum ao vivo Era Eu (2019) se tornou o registro desta transição para o ano de 2021, com 19 músicas e participações que vão de Léo Santana a Solange Almeida, e a chegada de “Tapão na Raba”, o hit de “forroeste” (uma mistura de forró com a música dos filmes de faroeste). A faixa caiu no gosto popular e colocou Raí Saia Rodada no topo, sem que tivesse a importante ajuda dos programas de TV por conta da letra com temática sexual. Raí agarrou a oportunidade como poucos, emendou o álbum Som no Talo e o EP Injusto, estabeleceu parcerias com outros nomes em ascensão, da vaquejada de Tarcísio do Acordeon (em “Avisa Ele”) ao sertanejo de Gabi Martins (“Beijo Roubado”). Depois de vinte anos comendo poeira das estradas do Norte e Nordeste do País, Raí Saia Rodada enfim se tornou um dos grandes nomes do forró.