A obra e a figura de Maria Bethânia são tão poderosas que é difícil imaginar que a abelha-rainha da MPB já fez algo tão humano quanto caminhar sobre a terra. Figura antológica da música brasileira, a ponto de receber apelidos como “Iansã viva”, “esfinge baiana” e “sacerdotisa”, Maria Bethânia Viana Teles Veloso nasceu na pequena cidade de Santo Amaro, na Bahia, em 18 de junho de 1946. Irmã de Caetano Veloso, sonhava desde pequena em ser artista e conta que frequentemente ouvia de uma amiga de infância o ditado popular: “Você é pequena, mas fita os Andes”. Obstinada, foi estudar na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, onde se envolveu intensamente com o meio cultural. Em 1964, uniu-se ao grupo formado por Caetano e os amigos Gilberto Gil e Gal Costa na criação do show “Nós, Por Exemplo...”, no qual interpretou canções como “Diz Que Fui por Aí”, de Zé Keti, e a intensa “Sol Negro”, composta por seu irmão. Já no Rio de Janeiro, para onde seguiu na carreira, Bethânia ganhou notoriedade ao substituir Nara Leão no espetáculo “Opinião”, do Teatro de Arena. Sua interpretação de “Carcará”, de João do Vale, impressionou a cena carioca. No mesmo ano gravou a estreia, Maria Bethânia (1965), e em 1967 lançou a parceria Edu e Bethânia(1967), com Edu Lobo, álbuns responsáveis por projetá-la nacionalmente. Viscerais, suas interpretações deram voz a grandes músicas, como “Olhos nos Olhos”, de Chico Buarque, “Negue”, de Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos, “As Canções que Você Fez Pra Mim”, de Roberto Carlos, e “Sonho Meu”, de Dona Ivone Lara, gravada em parceria com Gal Costa. Ao longo da carreira, Maria Bethânia vendeu mais de 25 milhões de cópias. Com Álibi (1978), bateu a marca de mais de um milhão de álbuns vendidos, tornando-se a primeira mulher brasileira a atingir tal sucesso comercial.