Más Futuro Que Pasado

Más Futuro Que Pasado

Antes de se tornar Juanes, Juan Esteban Aristizábal era estudante de desenho industrial. “Sempre que eu ia fazer um projeto, só para começar, eu investigava e pesquisava todos os elementos”, disse ele ao Apple Music. “Neste caso, volto às minhas raízes, à minha essência. É importante ter um começo. Para mim, é a Colômbia.” Seu oitavo álbum, Más Futuro Que Pasado, apresenta este lendário artista que já foi celebrado com inúmeros prêmios Latin GRAMMY, interpretando ritmos variados e a música tradicional que o moldaram, entrelaçando esses sons com os da América Latina de 2019. É um esforço que pretende ser esperançoso. “Eu sou do rock”, diz ele, “mas ouço todos os tipos de música. Quero encontrar uma maneira de me reinventar, de fazer algo diferente. Eu encontro inspiração no passado, mas também no futuro e no presente.” Aqui ele nos apresenta os vários elementos do álbum, faixa a faixa. Aurora “Toda a inspiração vem da cúmbia, que é um dos ritmos mais importantes da nossa região. Ela vai do México à América Central chegando até a Argentina. É o ritmo que une tudo. Nos anos 80, quando eu tinha 14 ou 15 anos, havia muito punk e metal e em seguida veio o techno. Mas agora é a cena hip-hop que está estourando em Medellín, e eu estou na vibe de estar por dentro do que está rolando na minha cidade. Eu fiz esta música com Crudo, que é um rapper de Medellín. Na minha opinião ele é super original — no seu flow e nas suas letras.” Tequila “As origens desta música estão na cúmbia rebaixada, que é um tipo de cúmbia que tocava em Monterrey, no México, na década de 70. Os vinis de cúmbia da Colômbia chegavam em Monterrey e eram tocados em todas as festas. Um dia, depois de horas funcionando, o toca-discos superaqueceu de tanto tocar e diminuiu a velocidade da música. Foi por acidente, mas foi assim que eles começaram a ouvir a cúmbia mais lenta. Eu descobri essa história e adorei. Esta música fala sobre um coração partido, como todo mundo nesta vida às vezes experimenta, mas a progressão de acordes no meio dela é inspirada na música que meus pais costumavam ouvir quando eu era criança na Colômbia — música do interior.” Ninguna “Gosto muito do que está acontecendo agora na cena musical, pois tenho três filhos — de 16, 15 e 10 anos — e eles ouvem reggaeton e hip-hop o dia todo. Há cinco anos, quando eu lancei Mis Planes Son Amarte, trabalhei principalmente com Sky e Bull Nene, e gostei muito da abordagem deles. Esta música é muito inspirada na cúmbia da Argentina, que é diferente da cúmbia da Colômbia ou do México. É um pouco mais descontraída, pois está por trás da batida. Parece que está sendo tocada de forma errada, mas não está. É o mesmo ritmo, mas com uma interpretação diferente. Nos últimos anos, ela tem se tornado muito popular entre os jovens.” Mala Manera “Aqui eu apliquei um padrão no violão que eu aprendi recentemente no Caribe. Esse padrão muda totalmente a maneira como ouvimos as melodias e as nuances. É uma das primeiras músicas que fizemos para este álbum, e as letras são muito profundas, provavelmente a mais profunda, pois é mais dolorosa. Falo de um relacionamento que não pode acontecer. Você ama a pessoa, mas é impossível estar com ela. Por isso é melhor deixar a pessoa e ir dormir sozinho. Você sente essa dor o tempo todo.” Bonita “Uma música muito, muito feliz e muito leve. É um vallenato — é provavelmente o ritmo mais importante do meu país. Foi muito inspirada na música de Diomedes Diaz, Carlos Vives e por muitos artistas do vallenato que escuto desde criança. É muito especial e apesar de eu não ser da região da Colômbia de onde vem o vallenato, eu adoro. Esta música é um lado meu mais leve. Eu conheci Sebastián Yatra na Espanha, em uma festa. Eu disse, ‘Ei, ouça esta música. Eu adoraria que você colaborasse comigo. Ele ouviu, adorou e, dois meses depois, acrescentou sua parte. Ele trouxe muita energia para ela.” El Pueblo “Eu falo sobre minha esposa aqui. Minha esposa é de Cartagena, eu sou de Medellín, e estamos simplesmente conversando sobre o nosso relacionamento e como ele se manteve forte durante todos estes anos. Quando cresci, ouvia diferentes tipos de música, como bambucos e boleros, estilos mais sérios. E minha esposa é totalmente diferente, ela é originalmente de la costa, onde eles gostam de salsa, merengue e bachata. São culturas totalmente diferentes, mas a Colômbia é assim. O clima muda muito entre as cidades, por isso é como um mundo diferente em cada uma delas. O elemento da guitarra elétrica é muito importante para mim. Hoje em dia não é muito comum ouvir guitarra — o foco está nos samples e tal. Por isso, eu queria aplicar a guitarra em todas as minhas músicas, mas, especialmente em ‘El Pueblo’, que tem uma abordagem diferente do que normalmente se tem nesse tipo de música.” Más Futuro Que Pasado “Esta música é muito especial para mim, pois também falo sobre meu relacionamento com minha esposa, de como queremos ficar juntos e de como temos mais futuro do que passado. Às vezes na vida deixamos muita coisa no passado e nos sentimos deprimidos. Outras vezes olhamos para o futuro e nos sentimos ansiosos. Mas, neste caso, estou falando de estar com a pessoa que amo pelo resto da minha vida. A cúmbia nesta música é especial pois a progressão nas melodias não é como uma progressão de cúmbia, ela é totalmente diferente. É como se fosse uma música pop, mas com outro ritmo. Estamos experimentando esse tipo de coisa, e esse foi o plano desde o início.” Loco “Um experimento que eu fiz com Luis Alfredo Salazar, um escritor cubano muito talentoso que mora em Miami. Estávamos tentando fazer algo novo e diferente em termos de como eu toco guitarra. Eu costumo trabalhar com precisão — bateria, baixo e todos tocam juntos. Mas, neste caso, eu estava tentando experimentar com as batidas. Eu amo o baixo no 808, por exemplo. Eu adoro isso no hip-hop, desde 96, quando eu estava em Los Angeles. Você começa a ouvir hip-hop e acha interessante combinar isso com violão e com instrumentos orgânicos.” Mía Mía “Uma música que eu fiz com Fuego, um rapper muito talentoso da República Dominicana. A gente se reuniu no estúdio dele, começou a trabalhar na ideia e a deixamos de molho durante meses. Um mês depois, ouvi a música e disse: ‘Não, não, isto é muito legal. Quero gravar meu vocal novamente e entrar na vibe, fazer acontecer’. É uma coisa mais adulta. Não é agressivo, mas é mais sexual. Mas é outra música que eu posso dedicar à minha esposa, entende, então tudo bem.” La Plata “Eu cantava vallenato em todas as festas com meus amigos, o tempo todo, a minha vida toda. ‘La Plata’ é outro vallenato, um vallenato feliz, que é mais sombrio e alternativo, experimentando as linhas de baixo com o acordeão. Convidei Lalo Ebratt, que é de Santa Marta, Colômbia. Ele é um rapper muito jovem e talentoso, um trapper. A maneira como ele canta, as coisas que ele escreve são muito diferentes. Isso chamou minha atenção.” Pa Dentro “‘Pa Dentro’ foi provavelmente a primeira música do álbum que fizemos. Trabalhei com Sky, DVLP e depois com um cara muito talentoso da Colômbia, o Camilo Echeverry, e também com Mau y Ricky. Nos reunimos no meu estúdio e começamos a trabalhar a ideia. Eu estava fazendo algo que tem origens na costa do Pacífico da Colômbia, então começamos por lá. Queríamos criar algo mais, uma espécie de vibe africana, indigena. É assim que eu concebo música.” Querer Mejor “Uma música que é muito importante para mim pois é muito comovente e profunda. Eu trabalhei com Rafa Arcaute, que é um produtor que eu respeito muito. E também com Mau y Ricky e Camilo — eles vieram à minha casa, e começamos a partir de uma demo que eu tinha. Mais tarde, Alessia Cara entrou na música, o que eu gostei demais, já que ela tem uma daquelas vozes que você ouve e diz ‘Uau, estou tão inspirado’. Eu a conheci há dois anos no Latin GRAMMY, quando estávamos fazendo a música com Logic, e, sei lá, rolou uma conexão com ela. Alessia ficou empolgada pois ela queria cantar em espanhol. Ela tem formação italiana, então não teve problema. Ela cantou perfeitamente. Foi lindo.”

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